segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Terminal de ônibus ganha biblioteca em Santa Catarina



Ler um livro enquanto se espera pelo ônibus, emprestá-lo sem data marcada para devolver, ter acesso a uma biblioteca aberta 24 horas. Todas essas facilidades estão acessíveis às pessoas que circulam pelo Terminal Integrado de Santo Antônio de Lisboa, no Norte da Ilha, desde ontem, graças à inauguração de uma biblioteca de auto-atendimento.

A iniciativa faz parte do projeto Epopéia Literária, do Complexo de Ensino Superior (Cesusc), e tem o objetivo de incentivar o hábito da leitura. A biblioteca consiste em um guichê, montado no terminal, que possui cerca de 200 livros. As pessoas que passam pelo local podem entrar, escolher um livro, preencher uma ficha de controle e levar a publicação para ler no ônibus ou em casa. Não há ninguém controlando os empréstimos nem prazo para devolução. É só entrar e pegar.

- A idéia é desmistificar essa coisa de elite do livro, tornar mais acessível. Falta a descoberta do livro (pelas pessoas) - disse a coordenadora do projeto, Ana Cláudia Oliveira da Silva.

A data de devolução fica a critério de cada um. Segundo Ana, a possibilidade de os livros não serem devolvidos não assusta.

- Se a pessoa levar e demorar, alguém na casa pode se interessar. A idéia é mais fazer com que o livro circule do que fazer com que as pessoas leiam rápido - explicou.

Os livros disponíveis no auto-atendimento foram arrecadados pela biblioteca do Cesusc, como pagamento por atrasos dos associados na devolução. Entre as publicações disponíveis a todos no terminal estão clássicos como O Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos, além de livros mais recentes, como Estação Carandiru, de Drauzio Varella.

http://www.clicrbs.com.br

Biblioteca em borracharia recebe prêmio de incentivo à leitura do MEC

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Na periferia da cidade de Sabará (MG) uma borracharia também é biblioteca. Entre pneus, mangueiras e rodas de carros, estantes nas paredes abrigam mais de sete mil livros na Borrachalioteca de Marcos Túlio Damascena. O local faz mais de 220 empréstimos por mês e recebe crianças e adultos de todas as idades.

Damascena, que é borracheiro, diz que teve a idéia de transformar a oficina em biblioteca há cerca de três anos “a partir do gosto pelos livros e com a vontade de transmitir isso para as pessoas”. Passou então, a juntar revistas e jornais, que antes só estavam à disposição dos clientes, e a oferece-los à comunidade. Com tempo, conta, começou a receber doações de diversos tipos de livros.

Na noite de ontem (30), Damascena foi um dos ganhadores do Prêmio Viva Leitura 2007, que busca incentivar ações de estímulo à leitura no país. Ele recebeu R$ 25 mil da Fundação Santillana, empresa que patrocina o prêmio com apoio do Ministério da Educação e da Cultura. O dinheiro, garante investir na ampliação da Borrachalioteca e em outras ações de incentivo à leitura.

Questionado se a imagem de uma borracharia - que tem funcionários com as mãos sujas de graxa - afastaria os leitores, Damascena avalia que não. “Podem até chegar com esse pensamento mas na hora que conhecem e observam como funciona o projeto dão total valor para a gente”. Segundo o borracheiro, uma das vantagens do iniciativa é o prazo de devolução dos livros - de quinze dias enquanto em uma biblioteca comum o tempo limite é de sete.

Para Damascena, a idéia de fazer uma biblioteca na oficina é uma iniciativa simples para incentivar a leitura na localidade. “São coisas assim que podem modificar a situação da leitura no país”, ressaltou. “A leitura é um prazer que instrui”. Assim como ele, outras duas iniciativas foram premiadas em um evento que teve quase duas mil inscrições de todas as regiões do país.

O prêmio faz parte do Plano Nacional do Livro e Leitura do Ministério da Educação e da Cultura. Além de reconhecer e divulgar ações de estimulo à leitura é meta do plano implantar bibliotecas em todos os municípios do país em dois anos, aumentar o número de livrarias e apoiar o debate e a adoção de mecanismos não restritivos de direitos autorais, entre outras medidas.

Fonte: Agência Brasil
http://www.agenciabrasil.gov.br

Um grande vazio na herança cultural


Em seu livro, Stuart Kelly procura resgatar as obras que, se tivessem permanecido, teriam apontado para novos caminhos

Ubiratan Brasil

Como seria a cultura mundial hoje caso a famosa Biblioteca de Alexandria, considerada o centro cultural do mundo às vésperas da Era Cristã, não tivesse sido destruída há cerca de 1.400 anos? E o que dizer dos clássicos gregos e romanos que não sobreviveram ao tempo? Finalmente, o que mudaria na literatura se fossem terminados os trabalhos eternamente embrionários que seus autores planejaram e desenvolveram, mas nunca chegaram ao ponto de escrever? Tais questões martelaram durante muito tempo a cabeça do escocês Stuart Kelly que saiu à caça das obras que deixaram uma verdadeira lacuna em nossa herança cultural para escrever O Livro dos Livros Perdidos (434 páginas, R$ 54), que a editora Record lança nesta semana.

Como o trabalho teria uma dimensão extraordinária, Kelly se limitou aos clássicos, dos mais antigos aos contemporâneos. Assim, de Shakespeare a Sylvia Plath, de Homero a Hemingway, de Dante a Ezra Pound, ele listou grandes escritores que produziram obras perdidas, incapazes de serem lidas. “Houve muitas perdas lamentáveis, mas, em minha opinião, as mais sentidas foram as tragédias gregas, das quais apenas uma pequena fração chegou aos nossos dias, e a Biblioteca de Alexandria, destruída pelos conquistadores muçulmanos que acreditavam que o Alcorão era o único livro que deveria existir”, comenta o pesquisador.

A lista, na verdade, começou a ser montada quando, aos 15 anos, Kelly descobriu que não havia sobrado nada das obras de Agathon, celebrado dramaturgo e amigo pessoal de Eurípides. Movido pela curiosidade, ele saiu em busca do rastro de outros escritos e logo descobriu uma lista vasta e heterogênea.

Afinal, o primeiro trabalho de Homero (autor de Ilíada e Odisséia) foi supostamente um poema épico com matizes cômicos. Já as memórias do poeta Byron foram destruídas pelo próprio autor. E Flaubert, que sofria de convulsões, além de provavelmente ser epilético, ensaiou escrever uma novela sobre insanidade, mas a idéia ficou aprisionada em sua mente. “A história inteira da literatura era também a história das perdas da literatura”, observa.

Diversas razões podem explicar as perdas. Inicialmente, o material facilmente perecível utilizado pelo homem para armazenar sua cultura: cera, pedra, argila, papiro, papel e até mesmo corda, como é o caso da linguagem peruana dos nós, quipo. “Visto que tem uma dimensão material, a própria literatura compartilha a vulnerabilidade de sua substância”, comenta Kelly. “Todos os elementos conspiram contra ela: o fogo e a água, o ar ressecado que corrompe, a terra argilosa que se decompõe.”

A forma mais simples de perda, no entanto, é a destruição. Kelly lembra que o poeta do século 19 Gerard Manley Hopkins queimou toda a poesia que escrevera quando passou a dedicar sua vida à beleza de Deus. James Joyce atirou ao fogo Stephen Hero, o primeiro esboço de Retrato do Artista Quando Jovem, mas não impediu sua mulher de salvar o que pôde. Mikhail Bakhtin, exilado no Casaquistão, usou seu trabalho sobre Dostoievski como papel para cigarro, depois de ter fumado um exemplar da Bíblia.

Mesmo sem confirmação, há indícios de trabalhos que foram destruídos. É o caso de Sócrates que, quando estava preso aguardando a execução, escreveu versificações das Fábulas de Esopo. Nenhuma delas sobreviveu, restando apenas ecos baseados nos diálogos memorizados e inventados por Platão.

O acaso também colaborou para dizimar a cultura. Stuart Kelly lembra, por exemplo, que uma pasta com os originais de Ultramarino, de Malcolm Lowry, foi roubada do carro do seu editor, e a versão existente teve de ser reconstruída a partir do que foi encontrado nas caixas de anotações de Lowry.

Em muitos casos, o próprio autor morreu antes de concluído o trabalho.Virgílio deixou instruções para que A Eneida fosse queimada, já que não a havia burilado à perfeição. A polícia nazista impediu que o teólogo radical Dietrich Bonhoeffer terminasse sua dissertação sobre ética. O Romance de Dolliver, de Nathaniel Hawthorne, A Barragem de Hermiston, de Robert Louis Stevenson, e Denis Duval, de William Makepeace Thackeray, são lembrados como clássicos incompletos. Kelly observa ainda que Robert Musil e Marcel Proust não conseguiram aperfeiçoar suas volumosas obras-primas.

Finalmente, a categoria dos livros que foram deliberadamente perdidos. Ou seja, idéias e rascunhos abandonados por seus autores, insatisfeitos com o caminho tomado ou simplesmente interessados em outras histórias. A fila remonta à Grécia Antiga. Kelly lembra que Sólon, o legislador ateniense, estava ocupado demais em criar impostos a pôr em versos a história de Atlântida. Já Victor Hugo prometeu mas não escreveu A Quinquengrogne. “Teria sido Gaia, de Thomas Mann, a obra-prima que ele acreditava que seria enquanto ainda não escrita? Teria o jamais escrito Fala, América, de Nabokov, seqüência de suas lembranças (Fala, Memória), revelado mais acerca da composição de Lolita ou de seus trunfos de colecionador de borboletas?”, questiona Kelly. “Esses trabalhos são tão ambiciosos que sua finalização parece intrinsecamente impossível.”

As suposições levam a outro questionamento, cuja resposta é temerário dimensionar: perder-se é a pior coisa que pode acontecer a um livro? Além de, em certos casos, salvaguardar a reputação do autor (se o valor do texto for questionável), a obra perdida torna-se infinitamente mais atraente pelo fato de ser perfeita na imaginação.

Stuart Kelly afirma que, atualmente, é quase impossível acreditar em perda. O avanço tecnológico, que tanto é utilizado para desvendar documentos antes considerados indevassáveis (como os papiros descobertos em Herculaneaum, cidade soterrada em 79 d.C. quando o Vesúvio entrou em erupção), como no serviço de preservação, possibilita ao homem registrar seus passos com segurança. E qual a importância disso? “Ao tentar preservar o que nos torna humanos, provamos nossa própria humanidade”, responde Kelly.

Fonte: O Estado de São Paulo
http://txt.estado.com.br

'Biblioteca do Além' atrai visitantes de cemitério em SP



2,3 mil livros foram distribuídos em frente a cemitério da Zona Sul.
Visitantes tiveram dificuldades para carregar todas as obras escolhidas.

Roney Domingos


Escritores eternizados em livros dividiam espaço – e a atenção de visitantes - com os túmulos do Cemitério São Luís, localizado na periferia da Zona Sul de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (2), Feriado de Finados.

Em uma banca montada sob uma barraca de plástico, a Organização Não-Governamental Educa São Paulo colocou à disposição do público 2,3 mil livros, que podiam ser observados, manuseados, lidos e – enfim – levados gratuitamente pelos interessados.

As opções eram muitas. Era possível escolher entre nobres autores falecidos, como a romancista britânica Agatha Christie e o filósofo Karl Marx e ainda vivos, como o português José Saramago e o brasileiro líder de vendas Paulo Coelho. Quem teve disposição pôde carregar para a estante de casa a Enciclopédia Barsa completa.

Os livros foram doados à ONG por alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), igrejas e clubes. "Fizemos essa Biblioteca do Além para trazer cultura às pessoas", afirmou Devanir Amâncio, coordenador da ONG.

Karla Jaine, de 10 anos, e sua amiga, Rafaiane Monteiro, de 9 anos, tiveram certa dificuldade para suportar o peso da coleção de livros de histórias policiais. Mas dizem que adoram os contos da escritora britânica conhecida como Rainha do Crime.

Iris Alves, de 14 anos, foi ao cemitério para ajudar a família a vender flores. Ficou com "O Canto do Rouxinol", livro de poemas de Regina Rosseau. Sua amiga, Jamille, de 15 anos, levou o Atlas Barsa. "Meu irmão pediu" afirmou.

Jefferson, de 10 anos, escolheu duas obras antagônicas, uma voltada para o sonho e outra para a realidade: "Papagaio com rabo de boi e outros desenhos de Caó"e "Receita para a Morte – Cinco histórias policiais", de Nero Blanc. João Lucas, de 10 anos, também. Ficou com "As grandes figuras da Bíblia"e "Casseta e Planeta". "Em casa só tem livro de escola", disse ele.

A barraca de livros atraiu também os adultos. Estudante de História, Silvana de Paula Jesus foi visitar o cemitério e encontrou na barraca montada na porta algumas obras de sociologia e filosofia que não via na biblioteca pública.

A expectativa da ONG Educa São Paulo é que até o final de dezembro, a biblioteca ocupe permanentemente uma das salas de velório do cemitério.

http://g1.globo.com/Noticias/

À caça de um 'faz-tudo', mercado muda nome de profissões famosas

Rachel Silva
rsilva@redegazeta.com.br

Você sabe explicar o que faz um profissional de "key account"? E um "hair designer"? Profissões tradicionais como as de vendedor e cabeleireiro vêm ganhando novos nomes, por razões diversas.

Há quem chame a empregada doméstica de "secretária", o que pode ser um jeito simpático de valorizar essas profissionais, embora as tarefas continuem sendo as mesmas: limpar, lavar, cozinhar e passar.

Por outro lado, há profissões em que o nome muda porque as atribuições são diferentes. Na era da Internet, não é de se estranhar que o bibliotecário passe a ser chamado de "gerente de informações", uma vez que a maioria das empresas possui, hoje, um acervo de documentos e informações que não estão impressas em papel.

Um outro exemplo é a profissão de contador que, antes de ser regulamentada por lei, era chamava de "guarda-livros". Hoje, o termo "contabilista" pode ser usado para profissionais de nível técnico ou superior, mas a categoria tem preferido o título de "profissional da contabilidade". Outros nomes, como auditor, perito ou analista, são utilizados pelos profissionais da Contabilidade que passam por cursos de especialização.

"Eu entendo que a evolução da língua e da própria profissão obriga a encontrar um termo mais adequado para descrever as atividades desenvolvidas", afirma o presidente do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-ES), Paulo Vieira Pinto.

Demanda. Mesmo que as funções continuem as de sempre, as exigências do mercado tendem a aumentar. De acordo com a consultora Maria Rita Sales, da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES), espera-se dos profissionais uma postura de comprometimento cada vez maior com os resultados da empresa.

"Hoje o profissional, além de elaborar, precisa apresentar, prospectar, avaliar e gerar lucros, isso em todas as profissões. Uma telefonista não deve apenas receber as chamadas de clientes e fornecedores, ela também apresentará em primeira mão a imagem da empresa, fará a abordagem e dará a deixa para o setor comercial alavancar as vendas", explica.

O diretor regional do grupo Catho, Elias Gomes, afirma que a mudança do nomes das profissões quase sempre está relacionada ao aperfeiçoamento da estrutura de gestão das empresas.

"Também há o caso de profissões que não fazem mais sentido, como gerente de informática. Gerente de Tecnologias da Informação é mais abrangente. É claro que, às vezes, a mudança de nome é só para dar um status, mas o profissional não tem a remuneração condizente", diz.

Para quem está em busca de um emprego, essa profusão de nomes pode tornar mais difícil a elaboração do currículo. Como "vender" sua imagem, sem correr o risco de não ser compreendido? Para Elias Gomes, a solução é não se descrever usando o nome do cargo, que, às vezes, não explica bem a função.

Ela é pau-para-toda-obra

Fernanda Soares, 25 anos, secretária executiva

Fernanda Soares tem orgulho em afirmar que é secretária executiva. "A gente fica bem indignada quando é confundida com doméstica, sem querer menosprezar a profissão. Algumas pessoas também confundem o curso com telefonista ou recepcionista", diz. Além de ser professora do curso de Secretariado Executivo do Cesat, Fernanda também é a secretária geral da faculdade. Ela explica que a profissão é regulamentada por lei, há cerca de dez anos, mas que só recentemente as pessoas têm entendido melhor quais são as atribuições de uma secretária – muito além de atender aos telefonemas e de servir cafezinho.

ANÁLISE
Maria Rita Sales

Seja versátil

A s mudanças são fruto de nossas atuais necessidades. Historicamente as pessoas precisam de mudanças, de novidades. No âmbito profissional existem algumas razões relevantes, tais como: novos conhecimentos, evolução da internética, capacidades tecnológicas ampliadas, pela natureza da função que se torna mais complexa e – não deixaria de mencionar – para facilitar a adequação aos regulamentos impostos, exigências da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), da legislação e das premissas da qualidade/certificações a que todas as empresas estão sujeitadas. O novo nome busca melhor traduzir a atual realidade na área. Na área de informática ocorre em função da associação de várias habilidades inclusive as tecnológicas, artísticas e criativas. Conheço algumas empresas que possuem vendedores de segunda categoria, pequenos em visão, mas que têm título no cartão de Gerente de Negócios. Suponho que seja para "melhorar" a prospecção da própria pessoa. O que não adianta muito, não é? O mundo requer dos profissionais maior versatilidade, com background em tecnologia e conhecendo a área de negócio profundamente, além da sintonia com o foco da empresa. Um outro diferencial requerido é a capacidade de estabelecer relações muito boas dentro e fora da empresa.

Quem batalha no mercado deve utilizar o que conhece e não a moda. O selecionador saberá, com certeza, adequar o material à demanda da empresa.

Maria Rita Sales Conselheira da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional Espírito Santo (ABRH-ES)

"Na maioria dos casos, o melhor é não optar por dizer o seu cargo, mas descrever a área, como exemplo "gestão financeira". Durante a análise curricular, o selecionador, certamente, vai identificar o nível desse profissional, pelo conjunto das informações contidas no currículo", ensina.

Fonte: A Gazeta
http://gazetaonline.globo.com