segunda-feira, 5 de novembro de 2007

'Biblioteca do Além' atrai visitantes de cemitério em SP



2,3 mil livros foram distribuídos em frente a cemitério da Zona Sul.
Visitantes tiveram dificuldades para carregar todas as obras escolhidas.

Roney Domingos


Escritores eternizados em livros dividiam espaço – e a atenção de visitantes - com os túmulos do Cemitério São Luís, localizado na periferia da Zona Sul de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (2), Feriado de Finados.

Em uma banca montada sob uma barraca de plástico, a Organização Não-Governamental Educa São Paulo colocou à disposição do público 2,3 mil livros, que podiam ser observados, manuseados, lidos e – enfim – levados gratuitamente pelos interessados.

As opções eram muitas. Era possível escolher entre nobres autores falecidos, como a romancista britânica Agatha Christie e o filósofo Karl Marx e ainda vivos, como o português José Saramago e o brasileiro líder de vendas Paulo Coelho. Quem teve disposição pôde carregar para a estante de casa a Enciclopédia Barsa completa.

Os livros foram doados à ONG por alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), igrejas e clubes. "Fizemos essa Biblioteca do Além para trazer cultura às pessoas", afirmou Devanir Amâncio, coordenador da ONG.

Karla Jaine, de 10 anos, e sua amiga, Rafaiane Monteiro, de 9 anos, tiveram certa dificuldade para suportar o peso da coleção de livros de histórias policiais. Mas dizem que adoram os contos da escritora britânica conhecida como Rainha do Crime.

Iris Alves, de 14 anos, foi ao cemitério para ajudar a família a vender flores. Ficou com "O Canto do Rouxinol", livro de poemas de Regina Rosseau. Sua amiga, Jamille, de 15 anos, levou o Atlas Barsa. "Meu irmão pediu" afirmou.

Jefferson, de 10 anos, escolheu duas obras antagônicas, uma voltada para o sonho e outra para a realidade: "Papagaio com rabo de boi e outros desenhos de Caó"e "Receita para a Morte – Cinco histórias policiais", de Nero Blanc. João Lucas, de 10 anos, também. Ficou com "As grandes figuras da Bíblia"e "Casseta e Planeta". "Em casa só tem livro de escola", disse ele.

A barraca de livros atraiu também os adultos. Estudante de História, Silvana de Paula Jesus foi visitar o cemitério e encontrou na barraca montada na porta algumas obras de sociologia e filosofia que não via na biblioteca pública.

A expectativa da ONG Educa São Paulo é que até o final de dezembro, a biblioteca ocupe permanentemente uma das salas de velório do cemitério.

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