sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Surge a primeira Biblioteca Digital Aberta da Internet


Espaço democrático e gratuito para a publicação de arquivos digitais, o Cipedya - Biblioteca Digital Aberta - está no ar. A proposta, inédita na internet mundial, foi desenvolvida por um grupo de quatro brasileiros de Brasília e é uma forma independente e organizada de apresentar conteúdo. Quem procura ou pretende disponibilizar dados a uma determinada comunidade ou aos internautas em geral tem nas mãos uma poderosa ferrameta.
Com uma interface simples, qualquer usuário pode inserir documentos no Cipedya. Os arquivos ficam imediatamente disponíveis para buscas e download. Com o portal, professores, estudantes, pesquisadores, palestrantes e curiosos em geral podem publicar textos de todo tipo, apresentações, vídeos e músicas independente do tamanho.
A troca de arquivos e o acesso ao conhecimento postado nessa plataforma acaba com a necessidade do uso de pen drives ou o envio de documentos para listas de e-mails, grupos de discussão e outras formas de interação criadas para associar usuários que tenham interesse comum por determinado assunto ou tema.

O que é

No Cipedya, os documentos são classificados em até 5.126 áreas de especialização, que estão agrupadas em 697 sub-áreas e 97 campos do conhecimento. A Classificação Cipedya foi desenvolvida a partir da tabela de áreas do conhecimento utilizada pelas principais universidades e institutos de pesquisa do Brasil, desenvolvida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
O acervo inicial inclui toda a coleção de Textos para Discussão publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada -IPEA -, um dos principais centros de estudos e pesquisas na área econômica e de políticas públicas do Brasil. A coleção compreende todos os TDs publicados pelo instituto desde 1976.
A diferença do Cipedya para o outro site colaborativo que já esta na rede, o Wikipédia, é que neste segundo a comunidade colabora incluindo e editando verbetes. Assim, foi construída uma enciclopédia impressionante. Segundo Anderson Araújo, um dos desenvolvedores, no Cipedya a comunidade colabora incluindo documentos digitais de qualquer formato. “No nosso caso, queremos construir uma biblioteca também importante", completa.

Como funciona

Anderson Araújo afirma que "o Cipedya pode ser visto como um YouTube de documentos ou como um Google onde o usuário posta diretamente o conteúdo que deseja ver nos resultados da busca". Assim, se no Youtube os usuários postam e acessam vídeos, no Cipedya os usuários postam e acessam documentos digitais de todos os tipos, que ficam dispostos numa organização semelhante a uma biblioteca, mas com interface semelhante aos buscadores.
O Cipedya se alinha a iniciativas como Movimento Acesso Aberto (Open Acces Iniciative) e Creative Commons , entre outros grupos que defendem uma mudança nos paradigmas tradicionais de difusão do conhecimento nas artes e nas ciências na era digital. O portal também compartilha dos princípios e práticas do que convencionou-se chamar Web 2.0, especialmente no que se refere ao aproveitamento da inteligência coletiva e a vizualização da web como plataforma.

Bibliotecas particulares

Os usuários podem criar ainda uma biblioteca particular e nela incluir documentos de seu interesse. Com isso, por exemplo, professores disponibilizam aos estudantes documentos de um curso, incluindo resumos, apostilas, apresentações ou qualquer outro documento em formato digital.
Acadêmicos e pesquisadores podem ainda publicar seus trabalhos ou resumos mais recentes também fazendo uso de uma biblioteca particular, do departamento, do grupo de pesquisa ou da própria instituição.
A Biblioteca William Shakespeare http://www.cipedya.com/web/Lib/103 e a Biblioteca Paulo Freire http://www.cipedya.com/web/Lib/98 são exemplos de bibliotecas que já existem no Cipedya.
O portal, que está disponível em fase beta desde junho, já inclui em seu acervo as principais obras de domínio público da literatura brasileira (Machado de Assis, Lima Barreto e outros) e raridades como as obras completas de Sigmund Freud, o pai da psicanálise.

Conceito

A Cipedya Tecnologia da Informação pretende aliar o que há de melhor em tecnologia de busca e ferramentas colaborativas para auxiliar as pessoas a trocarem informações de maneira simples e organizada. A iniciativa é genuinamente brasileira e seus realizadores são jovens profissionais que atuam em desenvolvimento de software, comunicação e gestão. Saiba mais: http://www.cipedya.com

*Fonte: Assessoria de Imprensa da Cipedya
Disponível em: http://www.convergenciadigital.com.br

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Alemanha: 60 milhões de livros podem desaparecer


Corrida contra o tempo para recuperar herança cultural germânica


Cerca de 60 milhões de livros das bibliotecas alemãs, mais de 70 por cento do total dos volumes, correm o risco de ser destruídos pelo ácido utilizado no fabrico de papel, alertaram esta terça-feira alguns peritos, noticia a agência Lusa.

Já existem dois processos para retirar o ácido dos livros, mas são ambos caros e têm de ser aplicados a todos os livros editados entre 1840 e 1980, «e por isso o tempo começa a faltar», explicou a directora da Biblioteca Universitária de Hamburgo, Gabriele Beger.

«Estamos sob a ameaça de perder a nossa herança cultural e o conhecimento acumulado ao longo de quase 150 anos», sublinhou também o director do Centro de Conservação de Livros de Leipzig, Manfred Anders, cuja firma inventou um processo de conservação intitulado PaperSave, para retirar o ácido dos preciosos volumes.

O processo consiste em colocar os livros alinhados numa máquina que lhes retira a humidade e depois os impregna com uma solução anti-ácido.

A referida máquina, de grandes dimensões, já está a funcionar há algum tempo, com excelentes resultados, na cave da Livraria Alemã, em Leizpig.

No entanto, a máquina não está em plena laboração porque os custos a suportar pelas bibliotecas para salvar os livros são elevados: conservar cerca de um milhão de livros pelo método PaperSave, por exemplo, custa perto de 15 milhões de Euros.

Obras que marcaram a história

Entre os volumes a precisar de conservação urgente estão originais dos músicos Johannes Brahms e Georg Friedrich Haendel, ou de escritores como Gotthold Ephraim Lessing e Heinrich Heine.

O ácido no papel também não poupa outras existências dos arquivos, como importantes dossiers ou exemplares quase únicos de jornais.

Só um aumento substancial dos subsídios às bibliotecas públicas ou a descoberta de uma nova tecnologia de conservação de livros e jornais mais barata, do que as actualmente existentes, poderia salvar a situação, referiu ainda Zeller.

Só na Biblioteca Nacional da capital alemã há 40 mil jornais antigos a precisar de restauro urgente, que ameaçam desintegrar-se se forem manuseados e deixarem de poder ser utilizados para fins científicos.

Perante este cenário, vários especialistas já fizeram um apelo para uma acção concertada a nível nacional que permita, pelo menos, salvar um exemplar de cada uma das obras em risco de desaparecimento.
Disponível em: (http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=838323&div_id=291)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Open Library - Site quer criar catálogo com todos os livros já escritos


Giles Turnbull

Das prateleiras para o computador?

Um projeto ambicioso para criar um catálogo na internet com todos os livros publicados em todas as línguas - Open Library (Biblioteca Aberta, em tradução livre) - está em andamento nos Estados Unidos.


Os livros a serem incluídos vão desde o Alcorão e clássicos da língua inglesa como As Aventuras de Huckleberry Finn, à moderna série de obras sobre Harry Potter.

Para o chefe da equipe técnica por trás da Open Library, Aaron Swartz, todos os livros já publicados perecisam de uma página na internet, um pouco como uma homepage pessoal.

"Neste momento, se você quiser acessar um livro na rede de computadores, o principal lugar onde as pessoas vão é a Amazon (livraria online). É ruim que um site comercial seja a fonte definitiva para informações sobre livros na internet, então nós queremos ter um site que junte informações de editoras comerciais, críticos, leitores, bibliotecas, de toda a parte", disse ele.

"O site vai se tornar o lugar onde se pode encontrar livros interessantes e informações sobre eles, quer estejam sendo reeditados, fora de catálogo, ou o que seja."

Uma biblioteca assim tem que ser virtual. Nenhum prédio seria grande o suficiente para abrigar todos os livros, nenhum grupo ou governo teria recursos suficientes para construí-lo, ou empregar o número necessário de funcionários. Se a Open Library der certo, tem que ser um espaço virtual, e acessível para todos, como a Wikipédia.

Há alguns anos, a idéia de que pessoas em todo o mundo escrevessem sua própria enciclopédia seria loucura - mas isto não impediu que os fundadores da Wikipédia tocassem o projeto, que acabou sendo um dos mais bem sucedidos na rede de computadores nos últimos anos.

Doações

Para dar a partida no projeto, a Open Library está pedindo a outras bibliotecas que doem seus catálogos. Só isto já apresenta grandes desafios técnicos, pois as informações são armazenadas em formatos e línguas diferentes, e podem vir com suas próprias especificidades, repetições e erros.

O que é importante é manter as informações de uma forma estruturada, para que o banco de dados nos bastidores saiba a diferença entre um autor, um título e uma editora.

"Nós tínhamos que criar este novo tipo de programa de wiki, o que era um desafio empolgante, porque é preciso implantá-lo para que ao invés de só ter um tipo de página que as pessoas possam editar, possamos ter tipos diferentes."

"As pessoas podem editar autores, livros, páginas de texto, e assim por diante. Então há muita coisa nova que precisamos criar. E esta é só a infraestrutura - há ainda muitas coisas para agregar, e dados sobre livros para reunir e organizar para pesquisa."

Se as especificações sobre direitos autorais permitirem, haverá uma cópia do livro para download, ou links para cópias do livro em outros locais (tais como o Projeto Gutenberg para digitalizar trabalhos culturais).

Por enquanto os recursos para ele vem do Arquivo de Internet, um outro projeto sem fins lucrativos que têm o simples objetivo de manter cópias na rede de computadores para as futuras gerações.

Mas a Open Library vai depender de doações em algum momento, e de uma porcentagem na venda de livros de grandes livrarias online.

A obtenção de recursos será mais importante diante da competição comercial. O Projeto de Biblioteca do Google, parte do serviço de busca de livros Google Book Search, tem objetivos semelhantes.

Naturalmente, o Google tem seus próprios interesses comerciais para proteger e investir neles. A abordagem da Open Library é oposta, com seu compromisso de máxima liberdade de informações, permitindo não apenas que qualquer pessoa navegue pelo site, faça busca e leia livros em seu catálogo, mas que também possam reescrever o próprio catálogo no caminho.

Ceticismo

Mas a famosa Biblioteca Britânica em Londres está cética. Stephen Bury, diretor de Coleções Européias e Americanas da instituição, disse: "No curto prazo, eu não acho que vamos mandar a eles uma cópia do nosso catálogo. Nossos recursos são limitados e nós precisamos concentrar nossos esforços em nossos próprios projetos de digitalização."

"Nós sempre apoiamos a digitalização, e quanto mais, melhor. Mas há algum ceticismo sobre se um dia a Open Library pode se tornar um site comercial com anúncios e coisa assim."

Bury não gosta da idéia de permitir que qualquer pessoa possa editar catálogos de bibliotecas.

"Eu acho que é preciso um equilíbrio e algum nível de controle. Pode-se ter gente maliciosamente mudando coisas."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070801_livrosonline.shtml