quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Internet estimula jovens a irem a bibliotecas nos EUA, diz estudo


Folha Online

Ao contrário do que se costuma pensar, a internet pode estar despertando o interesse das pessoas por livros, pelo menos nos Estados Unidos. Uma pesquisa mostra que mais da metade dos norte-americanos foi a uma biblioteca no país --muitos deles atraídos pelas informações a que tiveram acesso nos EUA.

Dos 53% dos norte-americanos que disseram ter visitado uma biblioteca em 2007, os usuários mais "intensos" tinham de 18 a 30 anos, segundo pesquisa da Pew Internet & American Life Project.

E, de acordo com o estudo, os internautas são duas vezes mais propensos a freqüentar bibliotecas do que aquelas que não usam a rede.

"Essa descoberta vira de cabeça para baixo a nossa opinião sobre bibliotecas", afirma Leigh Estabrook, professora emérita da Universidade de Illinois, co-autora do estudo.

"O uso da internet parece criar uma fome por informação e são as pessoas que usam muito a rede que parecem estar mais dispostos a visitar bibliotecas", afirma a professora.

Surpresa

Conforme a pesquisa, os resultados foram surpreendentes, principalmente em relação a essa faixa-etária. Isso porque em 1996 um estudo da Benton Foundation apontou que as pessoas com essa idade consideravam que as bibliotecas se tornariam menos relevantes no futuro.

"10 anos depois, os irmãos e irmãs mais novos dessas pessoas são os mais ávidos usuários de bibliotecas", afirma a pesquisadora.

Com informações da Associated Press

Fonte: Folha Online
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u359298.shtml

A elite do ensino público

Ao comparar o desempenho dos melhores alunos dos colégios particulares e dos melhores alunos da rede pública no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Ministério da Educação (MEC) fez uma descoberta surpreendente. Ao contrário do que se imaginava, os estudantes mais aplicados dos colégios municipais, estaduais e federais obtiveram uma nota média de 68,77, numa escala de zero a 100, contra 68,72 dos estudantes mais aplicados da rede privada. Na prova de redação, a diferença foi superior a 9 pontos em favor da elite da rede pública.

A comparação foi feita entre 149.430 alunos da rede pública que concluíram o ensino médio em 2006 e 149.430 escolhidos entre os melhores formandos da rede privada. Divulgado com exclusividade pelo Estado, o estudo do MEC mostra que 91% dos melhores alunos da rede pública estão matriculados em escolas estaduais, 6,2% em escolas federais e 2,5% em escolas municipais.

A maioria dos melhores alunos da rede pública de ensino médio se concentra nas Regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas do País, onde há Estados, como o Rio Grande do Sul, com um longo histórico de investimento em educação básica e em qualificação dos professores das redes públicas. Foi por isso que os alunos gaúchos obtiveram uma média superior à brasileira no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), cujos resultados foram divulgados há três semanas.

No total, o ensino médio tem 9 milhões de alunos matriculados. A grande maioria dos estudantes da rede pública saiu-se mal nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), no Pisa e no Enem, que é uma prova optativa. Se forem consideradas as notas médias dos 602.232 concluintes do ensino médio que participaram do teste este ano, o desempenho foi 20 pontos abaixo do registrado entre alunos da rede particular. Mas o brilhante desempenho da minoria, que constitui a elite das escolas públicas, sinaliza o caminho que deve ser seguido pelas autoridades educacionais.

"O resultado (do estudo do MEC) mostra o esforço pessoal do bom aluno da rede pública", diz a pedagoga Márcia Sigrist, da Unicamp. Ou seja, quando o estudante é estimulado por professores capacitados, ele tende a se superar, buscando novas fontes de informação, além daquelas que são dadas em sala de aula. Um dos alunos da rede pública que se destacou por seu desempenho no último Enem, acertando 93,65% das questões da prova, é filho de um metalúrgico, estudou a vida inteira em escola pública e faz o ensino médio num colégio estadual na capital, onde foi estimulado a ler o noticiário da internet.

Outro fator que vem estimulando os alunos da rede pública de ensino médio a estudar é a possibilidade de usar as notas do Enem para entrar numa instituição de ensino superior. Atualmente, mais de 400 faculdades em vários Estados utilizam essas notas em substituição do vestibular ou como complemento de seu processo seletivo. E universidades de ponta, como a USP e a Unicamp, adotaram um bem-sucedido programa de inclusão social, premiando com até 30 pontos, em seus vestibulares, os candidatos egressos de escola pública.

São medidas simples, mas eficientes. Esta a lição que se pode extrair do estudo do MEC. A revolução educacional não se faz com sistemas de cotas raciais ou outras demagógicas iniciativas de "ações políticas afirmativas", mas com ensino de qualidade e acesso à informação. A escolaridade básica é o principal alicerce para uma boa formação escolar e profissional. É, também, um fator decisivo para a redução das desigualdades sociais, já que a mobilidade de jovens e adultos no mercado de trabalho depende da educação básica. Depois que uma boa escola do ensino fundamental ensina o aluno a ler, escrever, calcular, pensar e refletir, tudo o mais pode ser aprendido com rapidez e facilidade. E, quanto maior é o estímulo ao estudante do ensino médio para que amplie seus horizontes cognitivos, maiores são suas oportunidades de ingressar no ensino superior ou de sucesso na economia formal.

Quando todos os estudantes do ensino médio do País tiverem o mesmo ensino de qualidade que foi dado àqueles que se saíram bem no último Enem, o Brasil terá dado um passo decisivo para a redução das desigualdades sociais.

Fonte: Estadão.com.br, Caderno Opinião
Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080101/not_imp103023,0.php