quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Biblioteca escolar e o profissional bibliotecário



Irene Góes Corrêa
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Entende-se que cabe à escola a inserção do indivíduo no mundo da leitura e da escrita, promovendo um ensino de qualidade. Grande parte da responsabilidade pela formação dos novos leitores passa pelo desempenho criterioso de um bom profissional bibliotecário. Oxalá, tenhamos garantia de contar com a habilidade de muitos para o bem de todos os educandos.

A biblioteca escolar é um espaço em que os alunos encontram material para complementar sua aprendizagem e desenvolver sua criatividade, imaginação e senso crítico. É na biblioteca que podem reconhecer a complexidade do mundo que os rodeia, descobrir seus próprios gostos, investigar aquilo que os interessa, adquirir conhecimentos novos, escolher livremente suas leituras preferidas e sonhar com mundos imaginários.

A ação dinâmica da biblioteca deverá servir ao programa escolar, daí a necessidade de atividades em grupo, tais como: dramatizações, jogos, gincanas, hora do conto. A hora do conto é um dos principais estímulos à leitura, e oportuniza as crianças que dela participam o estabelecimento de uma ligação entre fantasia e realidade e a ampliação das experiências e do conhecimento do mundo que as cerca.

A biblioteca no Brasil apresenta problemas estruturais e políticos que fazem desse assunto uma problemática nacional. Em muitos casos, as bibliotecas escolares são meros depósitos de livros em salas adaptadas e que não atendem as reais necessidades e finalidades para as quais as mesmas foram criadas.

O descaso leva os profissionais envolvidos no processo a terem uma atitude passiva e cômoda em relação à problemática gerada. Mais que uma instituição difusora do conhecimento, a biblioteca tem como função primordial a de criar cidadãos, contribuindo com a escola no processo de ensino/aprendizagem, ou seja, desempenhando um importante papel na educação da população. “A biblioteca é o centro do fazer educativo.”

O profissional bibliotecário é um educador de forma geral. Cabe a ele exercer real influência sobre a qualidade do programa geral da escola e, diretamente, sobre a programação total da biblioteca. “Cabe ao profissional em atuação na biblioteca torná-la objeto de reflexão e espaço de participação para todos os segmentos da escola e da comunidade na qual ela se insere.”

O bibliotecário, no ambiente educacional, precisa estar apto a desenvolver o papel de educador, criando políticas internas para incentivar a prática cultural na biblioteca - entre as quais, organização de: mostras culturais, narração de histórias, sessões de teatro e cinema, dia de autógrafo com autores, gincanas de leitura e interpretação, criação de textos, etc. – e fazendo da biblioteca um espaço divertido, agradável, aconchegante, um ambiente prazeroso para a conquista de novos leitores. Um espaço assim envolverá o indivíduo nas atividades de leitura e pesquisa, tornando-se parte do roteiro de um programa agradável e habitual. Esta será, com certeza, a biblioteca sonhada por muitos, porém, realizada no momento por poucos.

O bibliotecário precisa agir para favorecer práticas de leitura de diferentes fontes de informação, propiciar espaços de leitura e minimizar a exclusão social. Lembrando a importância da aculturação digital para todos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) propostos pelo MEC, ao se referirem às questões referentes à importância da leitura e das bibliotecas escolares, mostra que têm como objetivo primeiro orientar o trabalho educativo que se processa no interior da escola. Dessa forma, os PCNs concretizam uma proposta à sociedade por meio de dois compromissos básicos: eqüidade e qualidade para o ensino/aprendizagem no espaço escolar. Como se vê, os PCNs são importantes pela sua abrangência, em nível nacional, e pelo seu caráter orientador para todo o universo dos agentes envolvidos com a Educação, inclusive o espaço destinado aos livros e à leitura formativa, informativa e de lazer, que é a biblioteca.

Chama-se aqui a atenção para a qualidade dos livros para a composição de uma biblioteca escolar, que devem ser de qualidade, tanto em seus conteúdos quanto em suas formas, portanto, essa qualidade não se restringe somente à encadernação ou ao material empregado para a confecção do livro, abrange, sobretudo, o conteúdo desses livros, pois o mercado está repleto de “literaturas descartáveis”, que não possuem nenhum objetivo pedagógico e que estão nas prateleiras das livrarias apenas por força da mídia. Assim, os gestores escolares, ajudados pelos próprios educandos, pelos professores e pelas famílias, e, sobretudo, pelo profissional bibliotecário competente, devem ser muito criteriosos na escolha das obras. Caso contrário, movidos pela mídia, podem botar à disposição da criança livros de má qualidade, inclusive com erros de construção e ortográficos grosseiros, pode comprometer a qualidade do ensino-aprendizagem da leitura dessa criança para sempre. Mais do que nunca, o profissional bibliotecário precisa marcar sua presença, atuar sempre e com clareza de objetivos para atender bem a clientela mirim, leitores empolgados e que merecem todo cuidado e respeito.


Fonte: O Girassol
Diponível em: http://www.ogirassol.com.br/pagina.php?editoria=Opiniao&idnoticia=721.

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