quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Alemanha: 60 milhões de livros podem desaparecer


Corrida contra o tempo para recuperar herança cultural germânica


Cerca de 60 milhões de livros das bibliotecas alemãs, mais de 70 por cento do total dos volumes, correm o risco de ser destruídos pelo ácido utilizado no fabrico de papel, alertaram esta terça-feira alguns peritos, noticia a agência Lusa.

Já existem dois processos para retirar o ácido dos livros, mas são ambos caros e têm de ser aplicados a todos os livros editados entre 1840 e 1980, «e por isso o tempo começa a faltar», explicou a directora da Biblioteca Universitária de Hamburgo, Gabriele Beger.

«Estamos sob a ameaça de perder a nossa herança cultural e o conhecimento acumulado ao longo de quase 150 anos», sublinhou também o director do Centro de Conservação de Livros de Leipzig, Manfred Anders, cuja firma inventou um processo de conservação intitulado PaperSave, para retirar o ácido dos preciosos volumes.

O processo consiste em colocar os livros alinhados numa máquina que lhes retira a humidade e depois os impregna com uma solução anti-ácido.

A referida máquina, de grandes dimensões, já está a funcionar há algum tempo, com excelentes resultados, na cave da Livraria Alemã, em Leizpig.

No entanto, a máquina não está em plena laboração porque os custos a suportar pelas bibliotecas para salvar os livros são elevados: conservar cerca de um milhão de livros pelo método PaperSave, por exemplo, custa perto de 15 milhões de Euros.

Obras que marcaram a história

Entre os volumes a precisar de conservação urgente estão originais dos músicos Johannes Brahms e Georg Friedrich Haendel, ou de escritores como Gotthold Ephraim Lessing e Heinrich Heine.

O ácido no papel também não poupa outras existências dos arquivos, como importantes dossiers ou exemplares quase únicos de jornais.

Só um aumento substancial dos subsídios às bibliotecas públicas ou a descoberta de uma nova tecnologia de conservação de livros e jornais mais barata, do que as actualmente existentes, poderia salvar a situação, referiu ainda Zeller.

Só na Biblioteca Nacional da capital alemã há 40 mil jornais antigos a precisar de restauro urgente, que ameaçam desintegrar-se se forem manuseados e deixarem de poder ser utilizados para fins científicos.

Perante este cenário, vários especialistas já fizeram um apelo para uma acção concertada a nível nacional que permita, pelo menos, salvar um exemplar de cada uma das obras em risco de desaparecimento.
Disponível em: (http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=838323&div_id=291)

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